Hora "boa"
 

Publicado em quinta-feira, 12 de novembro de 2015 às 16:42

 
No Espírito Santo, há dias não se fala em outro assunto a não ser da onda de lama das barragens rompidas da Samarco Mineração em Mariana (MG). E não poderia ser diferente, considerando o tamanho da tragédia humana e ambiental que bate à porta dos capixabas. Aí, o governador do Estado, Paulo Hartung (PMDB), resolve dar uma saidinha nesta quarta-feira (11) para levantar sua moral no Rio Grande do Sul, em palestra para secretários de José Ivo Sartori (PMDB-RS). O site do governo de lá diz que os temas são o modelo de gestão adotado no Estado e os desafios do terceiro mandato. E, olha só, tem papo também com empresários, para apresentar o projeto Espírito Santo em Ação e o Plano de Desenvolvimento ES 2030. A ausência do governador a esta altura, para um assunto que só serve de autopromoção, convenhamos, não se justifica - só se fosse para Minas Gerais. Segundo, não é sintomático? Enquanto o país se volta contra o crime cometido pela Samarco e Vale (acionista), Hartung se concentra em vender como fórmula de sucesso exatamente o projeto que advoga pelos interesses do empresariado e da elite, e que vem a integrar todo o sistema de favorecimentos às poluidoras no Estado. A lista da ES em Ação é extensa: Samarco, Vale, Fibria (Aracruz Celulose), Suzano, Manabi, ArcelorMittal...a propósito, até agora, Hartung – não seus “emissários” - já citou o nome da Samarco depois da tragédia?


Picuinha política
O município de Baixo Guandu (noroeste do Estado), comandado pelo prefeito comunista Neto Barros, será o primeiro a receber a onda de lama das barragens, mas lá Hartung não deve pisar. Foi fazer cena em Colatina, onde tem como aliado o prefeito Leonardo Deptulski (PT).

Picuinha política II
Em Linhares, administrado por Nozinho Correa (PP), pouco provável que o governador apareça também. Entre as desavenças políticas e o povo, Hartung costuma priorizar as desavenças.

Ironias da tragédia
A Aracruz Celulose soltou uma nota nessa terça-feira (10), informando que está de olho, quem diria, com a qualidade da água do rio Doce, que ela usa e abusa nos seus processos industriais em Aracruz. A preocupação tem sentido. A parceira Cenibra, que tem operações em Minas, foi obrigada a suspender as atividades, por tempo indeterminado, em função da onda de lama que “afoga” o manancial.

Ironias da tragédia II
A empresa, porém, se apressou para acalmar os investidores. A produção de 2,3 milhões de toneladas de celulose por ano da Aracruz não está ameaçada. A Aracruz tem um estoque de água, garantiu, para manter as operações por três meses. E o governador Paulo Hartung pedindo para a população tomar banho de cinco minutos, hein...

:: Clique aqui para ler a matéria completa
 
Fonte - Século Diário