A mineração não é um bom negócio
 

Publicado em segunda-feira, 23 de novembro de 2015 às 17:02

 
Uma década de boom mineiro deixa um rosário de complicações: passivos ambientais, polarização social, perda da legitimidade dos governos e nenhum problema realmente resolvido.

“Não foi um acidente”, gritam os membros do Movimento de Afetados pela Mineração (MAM). “É um acontecimento de total responsabilidade das empresas”, assegura Mário Zonta, que destaca que as empresas não monitoram as represas onde armazenam os dejetos tóxicos, como as que se romperam no dia 5 de novembro, provocando um rio de lama contaminada que destruiu povoados, provocou a morte e a desaparição de mais de 20 pessoas, além de milhares de afetados.

Se trata de uma tragédia social e ambiental provocada pela empresa mineradora Samarco no estado de Minas Gerais. Dois diques de contenção da mina de ferro a céu aberto se romperam. A lama liberada sepultou o povoado de Bento Rodrigues, onde viviam 600 pessoas, a pouco mais de 20 km da cidade histórica de Mariana, e a 120 km de Belo Horizonte, capital do Estado.

As 500 pessoas que foram resgatadas pelos bombeiros, que ficaram ilhadas em meio ao lodo tóxico, tiveram que ser submetidas a um processo de descontaminação, já que continham substâncias letais em todo o corpo. A Samarco é uma empresa de propriedade da Vale e da BHP Billiton. “Os acidentes e impactos da mineração são permanentes, e as empresas continuam com a mesma postura prepotente, falando da responsabilidade social e ambiental”, diz um comunicado assinado por dezenas de organizações sociais.

“A Vale está há 70 anos em Minas Gerais”, assegura Zonta, do MAM. “Existe equipamento e experiência suficientes para conter este tipo de acontecimentos, portanto consideramos que são os principais responsáveis pelos mortos e desaparecidos”.

Uma análise da lama presente no rio, quando os tóxicos já haviam avançado por mais de 300 quilômetros, revelou que existe concentrações incríveis de ferro, manganês e alumínio, que superam milhares de vezes a concentração normal. Segundo os toxicólogos, o metal mais problemático encontrado é o manganês, que pode provocar alterações musculares, problemas ósseos e intestinais, além de agravar problemas cardíacos.

No começo, a empresa disse que os dejetos eram somente areia, mas quando foi consultada, e devido a ter que se pronunciar sobre os resultados das análises oficiais, ela decidiu não responder. Preferiu se aferrar num discurso de que “o barro não contém produtos tóxicos para os seres humanos, somente material usado em compostos de areia”.

Entretanto, pelos níveis de contaminação existentes no tratamento da água, o fornecimento ficou comprometido em nove cidades, afetando cerca de 800 mil habitantes, enquanto a prefeitura decretou situação de calamidade pública.

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Fonte - Carta Maior