II Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale
 

Publicado em domingo, 1 de maio de 2011 às 15:32

 
Mais de 50 delegados de vários países do mundo encontraram-se em Belo Horizonte para debater estratégias de resistência contra impactos e ameaças sócio-ambientais e trabalhistas provocados pela mineradora. Linhas políticas contundentes unificam o movimento.

Um histórico de anos de resistência, em diversos países do mundo, levou os movimentos e as comunidades que se consideram atingidas pelas operações da mineradora Vale a realizar o II Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale.
Em 2010, em ocasião da primeira edição, 160 pessoas de 12 diferentes países inauguraram essa estratégia de articulação entre vítimas do ciclo de mineração e siderurgia da multinacional verde e amarela.

Ao longo do ano passado, vários eventos e atividades pautaram a resistência do movimento: entre eles, a greve de um ano inteiro no Canadá, a participação a várias assembléias de acionistas da Vale expressando as críticas das comunidades, a divulgação do Dossiê dos Impactos e Violações da Vale no mundo, a atuação da Federação Internacional dos Direitos Humanos em pesquisa das violações de direitos em dois casos de Açailândia/MA e ação penal interposta contra dois diretores da siderúrgica CSA no Rio de Janeiro.

Ao chegar do novo ano, o Movimento Internacional dos Atingidos voltou a convocar um encontro, de tal forma que entre 25 e 29 de abril de 2011 encontraram-se em Belo Horizonte cerca de 50 representantes de comunidades, sindicatos, movimentos sociais e de ambientalistas para debater a conjuntura econômica e política da Vale, trocar experiências a respeito de seus impactos no mundo e afinar métodos e atividades para o futuro de curto e médio prazo. A presença de delegações de Moçambique, Indonésia e Canadá, bem como a representação do Observatorio Minero de Conflictos en America Latina (OCMAL), enriqueceram o debate e a força do movimento.

Algumas linhas políticas chave foram traçadas na ocasião.
O movimento luta pela institucionalização de territórios livres da mineração (áreas de exclusão), pelo direito de dizer não a novos empreendimentos e pela consulta prévia às populações atingidas pelo ciclo de mineração.

Onde há operações já instaladas, exige reparação integral dos impactos e indenizações para as pessoas e comunidades.
É urgente a reflexão sobre a agregação dos custos sociais e ambientais da mineração, bem como o aumento dos royalties, sua distribuição (com controle social) a todos os municípios atingidos e sua destinação social, inclusive quanto ao futuro das comunidades.

Os atingidos lutam pela democratização das decisões da empresa, contra a sua criminalização, contra a precarização do trabalho e pelo fim do financiamento público à Vale.

A discussão não se reduz à empresa, mas tem a clara percepção das conexões e cumplicidades entre esta, todo o sistema de mineração e o próprio Estado. Também em seus objetivos, os atingidos visam ampliar a discussão sobre o modelo de desenvolvimento e exploração mineral para função social, levando em conta o debate atual sobre os direitos da natureza e o bem-viver.
 
Fonte - site Justiça nos Trilhos