Para ministro, com reforma da Previdência investimento estrangeiro pode dobrar
 

Publicado em quinta-feira, 11 de abril de 2019 às 16:14

 
Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, participa de Fórum organizado pelo jornal Valor Econômico em parceria com a Camargo Corrêa e a Intercement

João Sorima Neto

SÃO PAULO — O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, afirmou que o investimento estrangeiro direto no país poderá dobrar com a aprovação da reforma da Previdência. Freitas conclamou empresários e investidores a defenderem a reforma, afirmando que a responsabilidade de articulação para que a nova previdência seja aprovada não é só do presidente da República ou do Congresso, mas também da iniciativa privada. O ministro participou do Fórum Infraestrutura e Desenvolvimento, organizado pelo jornal Valor Econômico em parceria com a Camargo Corrêa Infra e a Intercement.

— A iniciativa privada tem que ser protagonista. Os governos agem por provocação e isso a gente espera do setor privado para romper um ciclo vicioso. Com a aprovação da reforma vamos ter players despejando dinheiro. Temos projetos bons e escala — afirmou o ministro.

Com a aprovação da reforma e o crescimento do investimento estrangeiro, disse o ministro, abre-se um ciclo virtuoso, que pode ter impacto positivo de 1 ponto a 1,5 ponto no Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O ministro afirmou que existe interesse do mercado nos ativos a serem oferecidos pelo governo nos próximos leilões de concessão. Freitas disse que tem conversado com investidores de private equity, de dívida, fundos soberanos e de pensão que se mostram interessados nos ativos brasileiros. Ele afirmou que o governo quer mostrar a esses investidores que "daqui para frente, tudo será diferente", afirmou, parodiando a música do cantor Roberto Carlos, e que o país terá segurança jurídica para quem investir em infraestrutura.

— O que falta agora é o gesto. É aprovar a reforma da Previdência, afastando o risco de insolvência do país. Por isso, a articulação para a aprovação da reforma cabe a todos — disse Freitas.

Venda de ativos
O ministro aproveitou para fazer um balanço sobre os 100 dias de governo em sua pasta, lembrando que foram concedidos à iniciativa privada 23 ativos, entre eles 12 aeroportos, 10 terminais portuários e o trecho central da ferrovia norte-sul. Com os leilões, o ministro afirmou que foram arrecadados R$ 7,5 bilhões em outorgas, sendo R$ 3,3 bilhões a vista.

— As outorgas refletem a confiança na condução da política econômica na linha liberal do governo. Vamos fazer uma nova rodada de concessões de 22 aeroportos, e já começo a perceber os estrangeiros interessados. Estamos vendo o que melhorar na modelagem dos contratos — afirmou Freitas, lembrando que os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, considerados as joias da coroa serão leiloados por último para garantir a sustentabilidade da Infraero, que será extinta.

O ministro afirmou que o governo já está dando o primeiro passo na desestatização de portos brasileiros, que deve começar com a Cia. Docas, do Espírito Santo, mas revelou que o governo de Pernambuco já demonstrou interesse na desestatização do Porto de Suape. Freitas disse que também terá conversas com o governador de São Paulo, João Doria, para a desestatização do Porto de São Sebastião e a abertura de capital do Porto de Santos. Essas duas operações devem levar até dois anos para serem concretizadas. Também serão concedidas rodovias e os modelos de concessão devem privilegiar as outorgas e não as tarifas de pedágio.

— Assim, ninguém vai abandonar a concessão depois de ter feito investimento em outorga. E o ministro Paulo Guedes, da Economia, vai gostar, porque vamos colocar dinheiro em caixa— afirmou o ministro revelando que já está em estudo a concessão de 5,7 mil quilômetros de rodovias.

No capítulo das ferrovias, a Ferrogrão e a ferrovia de Integração Oeste/Leste devem ser a próximas a ser concedidas.

Freitas afirmou que o investimento em infraestrutura é uma forma de melhorar a produtividade do país, e que isso não será feito sem o capital privado.
 
Fonte - Valor Econômico